domingo, 28 de dezembro de 2008

O que é o amor ? ...

http://www.youtube.com/watch?v=47amS13a9Hw

( Isto me traz à mente um símbolo que exprime uma quantidade que não existe ... mas deixa pra lá ... mesmo se eu explicasse ninguém entenderia ... nem eu ... )

Leif Erikson

She feels that my sentimental side
Should be held with kids gloves
But she doesn't know
That I left my urge in the icebox.

( Interpol )

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Pensar é começar a ser minado ( Albert Camus ) ...

Os nossos enigmas internos, as nossas questões insolúveis, os nossos sentimentos inelutáveis ... só isto bastaria para preencher uma existência ( ou várias ), mas insistimos em desterrá-los para o impensável. Isolamos e encobrimos tudo isso para que não nos pertubem. Mas nada nos define tanto quanto os nossos abismos. Eles são as impressões digitais da alma. Somos humanos na proporção de sua profundidade e na soma de insolubilidade que guardam.
Viver é esquecer que se é humano. Viver é colocar uma etiqueta de preço na alma e colocá-la numa vitrine ... e a custa de enganos, inadvertidamente caminhar rumo à morte ...

( eu por eu mesmo )

A Miséria do Divertimento ...

Se o homem fosse feliz, sê-lo-ia sem apelar ao divertimento e seria tão mais feliz quanto menos divertido fosse, como os Santos e Deus. - Sim!; mas não sendo feliz pode animar-se pelo divertimento? - Não!; porque o divertimento vem de outro lugar; ele vem de fora de nós mesmos e assim é dependente e, portanto, sujeito a ser perturbado por mil acidentes que tornam as aflições inevitáveis. (...) A única coisa que nos consola das nossas misérias é o divertimento, e contudo ele é a maior das nossas misérias. Porque ele nos impede principalmente de pensar em nós, e com isto nos abandona na insensibilidade. Sem ele, estaríamos no tédio, e este tédio levar-nos-ia a procurar um meio mais sólido de sair dele... Mas o divertimento distrai-nos e faz-nos chegar insensivelmente à morte.

( Blaise Pascal, em "Pensamentos" )

domingo, 21 de dezembro de 2008

O pessimista deve inventar a cada dia novas razões de existir: é uma vítima do “sentido” da vida. (Cioran)

Ah!
Se o mundo inteiro
Me pudesse ouvir
Tenho muito prá contar
Dizer que aprendi...

E na vida a gente
Tem que entender
Que um nasce prá sofrer
Enquanto o outro ri..

Mas quem sofre
Sempre tem que procurar
Pelo menos vir achar
Razão para viver...

Ver na vida algum motivo
Prá sonhar
Ter um sonho todo azul
Azul da cor do mar...

Mas quem sofre
Sempre tem que procurar
Pelo menos vir achar
Razão para viver...

Ver na vida algum motivo
Prá sonhar
Ter um sonho todo azul
Azul da cor do mar...

( Azul da Cor do Mar - Tim Maia )

sábado, 20 de dezembro de 2008

Uma outra vida ...

...
— Não, não consigo acreditar. Tenho certeza de que já lhe ocorreu desejar uma outra vida.
Respondi-lhe que naturalmente, mas que isso era tão importante quanto desejar ser rico, nadar muito de pressa ou ter uma boca mais bem feita. Era da mesma ordem. Mas ele me deteve e quis saber como eu imaginava essa outra vida. Então gritei:
— Uma vida na qual me pudesse lembrar desta vida.
...

( Albert Camus - O estrangeiro )

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Graças a que engano dois olhos nos apartam de nossa solidão? ...

Se na hierarquia das mentiras a vida ocupa o primeiro posto, o amor lhe sucede imediatamente, mentira dentro da mentira. Expressão de nossa posição híbrida, se rodeia de um aparato de beatitudes e de tormentos, graças aos quais encontramos em outro ser um substituto de nós mesmos. Graças a que engano dois olhos nos apartam de nossa solidão? Há quebra mais humilhante para o espírito? O amor adormece o conhecimento; o conhecimento desperto mata ao amor. A irrealidade não pode triunfar indefinidamente, nem sequer disfarçada com a aparência da mais exultante mentira. E por outra parte, quem teria uma ilusão tão firme para encontrar em outro o que procurou de modo vão em si mesmo? «Um espasmo das entranhas nos dará o que o universo inteiro não soube oferecer-nos?» E, contudo, esse é o fundamento desta anomalia corrente e sobrenatural: resolver entre dois - ou melhor, suspender - todos os enigmas; a favor de uma impostura, esquecer esta ficção em que flutua a vida; com um duplo arrulho encher a vacuidade geral; e - paródia do êxtase -, afogar-se, finalmente, no suor de um cúmplice qualquer...

( Emil Cioran )

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

A árvore da vida ...

«A árvore da vida não conhecerá mais primaveras: é madeira seca; com ela se farão ataúdes para nossos ossos, nossos sonhos e nossas dores.»

( Emil Cioran )

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Ácido Ciorânico ...

Somos todos uns farsantes : sobrevivemos aos nossos problemas.

( Emil Cioran )

A mais vã das procuras ...

Onde encontrar uma pessoa que seja verdadeiramente digna de inveja ? Da qual se pudesse dizer : "Gostaria de ter vivido a tua vida". Converter-me-ia imediatamente ao otimismo sem limites se a encontrasse - mesmo que não pudesse viver a sua vida.
Onde encontrar esse ser, se nem mesmo no espelho o encontrei ?
...
Talvez entre aqueles que nunca existiram ...
( eu por eu mesmo )

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Problemas com números ...

Zero ... Infinito ... Esses números me intrigam ... Talvez por que existam sem existir ... O melhor é esquecer ...

( eu por eu mesmo - pra quem não entendeu, um abraço ...)

sábado, 6 de dezembro de 2008

As vidas que não vivi ...

Onde estarão agora ?

( eu por eu mesmo )

Presciência ...

Nenhum império sobrevive a si mesmo ...

( Eu por eu mesmo )

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O eterno estar no bifurcar dos caminhos!...

Ó felicidade baça!... O eterno estar no bifurcar dos caminhos!... Eu sonho e por detrás da minha atenção sonha comigo alguém... E talvez eu não seja senão um sonho desse Alguém que não existe...

( Fernando Pessoa )

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Ah! ...Onde tudo isso começou ? ...

Buscar os antecedentes de um suspiro pode nos levar ao instante anterior - ou ao sexto dia da Criação.

( Emil Cioran )

sábado, 29 de novembro de 2008

A medida do Sofrimento.

Há seres que se acham condenados a saborear unicamente o veneno das coisas. Seres para os quais toda surpresa é dolorosa e toda experiência uma nova tortura. Se dirá que esse sofrimento tem razões subjetivas e procede de uma constituição particular. Mas existe um critério objetivo para avaliar o sofrimento? Quem poderia certificar que minha vizinha sofre mais que eu mesmo, ou que ninguém tenha sofrido mais que Cristo? O sofrimento não é objetivamente avaliável, pois não se mede por sinais exteriores ou transtornos precisos do organismo, senão pela maneira que tem a consciência de refleti-lo e de senti-lo. Mas, deste ponto de vista, as hierarquizações resultam-se impossíveis. Todo o mundo preservará seu próprio sofrimento, que considera absoluto e ilimitado. Invocando todos os sofrimentos deste mundo, as mais terríveis agonias, os suplícios mais refinados, as mortes mais atrozes, os abandonos mais dolorosos, todos os infestados, os queimados vivos e as vítimas lentas do boato, diminuiria com isso nosso sofrimento? Ninguém poderá consolar-se no momento de sua agonia mediante o simples pensamento de que todos os homens são mortais, da mesma maneira que, enfermos, não poderíamos achar um alívio no sofrimento presente ou passado dos demais. Neste mundo organicamente deficiente e fragmentário, o indivíduo tende a elevar sua próprio existência à categoria do absoluto: todos vivemos como se fôssemos o centro do universo ou da história. Esforçar-se por compreender o sofrimento alheio não diminui em nada o nosso próprio. Neste tema, as comparações carecem do mínimo sentido, dado que o sofrimento é um estado de desolação íntima que nada exterior pode mitigar. Poder sofrer sozinho é uma grande vantagem. Que sucederia se o semblante humano expressasse com fidelidade o sofrimento interior? Se todo o suplício interno se manifestasse na nossa expressão? Poderíamos conversar ainda? Poderíamos trocar palavras sem ocultar nosso semblante com as mãos? A vida seria realmente impossível se a intensidade de nossos sentimentos pudessem ler-se sobre a nossa face.

( Emil Cioran )

Vida : Travessia de lugar algum pra lugar nenhum ...

Travessia

Quando você foi embora fez-se noite em meu viver
Forte eu sou mas não tem jeito, hoje eu tenho que chorar

Minha casa não é minha, e nem é meu este lugar
Estou só e não resisto, muito tenho prá falar
Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedras, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar

Vou seguindo pela vida me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte, tenho muito que viver
Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver

Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedras, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar

( Travessia - Milton Nascimento )

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Reflexões a respeito do capitalismo ...

O capitalismo exalta o que o ser humano tem de pior : o egoísmo, a inveja, o individualismo, o materiaslimo, o consumismo, a inversão de valores, a fuga de si mesmo. Então, perguntamos : porque este parece ser o sistema que prevalecerá no mundo ? A resposta está justamente na natureza humana, que consiste basicamente das características apontadas acima. Assim, parece que não é o capitalismo que nos torna mesquinhos, mas a nossa mesquinhez que nos fez adaptar-nos tão bem ao capitalismo.
Qualquer sistema sócio-econômino que, para funcionar, tenha que se ancorar no melhor de nossa natureza parece fadado ao insucesso.

( eu por eu mesmo )

domingo, 23 de novembro de 2008

Com as asas cortadas em pleno vôo ...

O fato de que eu exista prova que o mundo não tem sentido. Que sentido, em efeito, poderia eu achar nos suplícios de um homem infinitamente atormentado e desgraçado para quem tudo se reduz em última instância à nada e para quem o sofrimento domina o mundo? Que o mundo tenha permitido a existência de um ser humano como eu prova que as manchas sobre o sol da vida são tão grandes que acabarão ocultando sua luz. A bestialidade da vida me tem pisoteado e esmagado, me tem cortado as asas em pleno vôo e me tem negado as alegrias às quais teria podido aspirar.

( Emil Cioran )

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Não sou nada ... Se fosse algo seria pior do que sou ...

Quero ser diferente. Eu sou. E se não for, me farei. Não vejo sentido em viver uma vida dessas: uma mulher provavelmente chata como ela, dois filhos iguais a milhões de crianças pelo mundo afora — e todas vaticinadas: “Esta será um gênio”. Crianças que depois crescem, e enquanto crescem os pais vão limitando seus sonhos: “Não será um gênio, mas será milionário. Não será milionário, mas viverá com facilidade. Não viverá com facilidade, mas será um homem de bem”. Dificilmente chegam a admitir esta última frase, mas na maioria dos casos ela serviria: “Não será um homem de bem, será um medíocre.” E essa turba de genialidades frustradas gerará outros geniozinhos que passarão pelo mesmo processo, para darem origem a mais uma série de medíocres. E assim pela vida afora, que são isso as gerações.

(Limite Branco, C.F.A)

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O engano das intenções ...

Não importa se um espinho enterrado em nosso coração é de ouro ou latão. Ele ainda é um espinho ...

( eu por eu mesmo )

Sofrer vai ser a minha última obra ...

"Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nessa dor;
Ela é tudo o que me sobra.
Sofrer vai ser a minha última obra."

( Paulo Leminski )

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Vestibular pra Filosofia ...

Quero uma autorização formal do MEC para eu poder difamar a existência ...

( eu por eu mesmo - ouvindo Talking Bird)

domingo, 9 de novembro de 2008

Coisas que ficaram muito tempo por dizer ...

...
Coisas que a gente se esquece de dizer
Frases que o vento vem as vezes me lembrar
Coisas que ficaram muito tempo por dizer
Na canção do vento não se cansam de voar
...

( O Trem Azul, Lô Borges )

sábado, 8 de novembro de 2008

A existência é uma catástrofe ...

Sem comentários ! O título basta ...

( eu por eu mesmo )

terça-feira, 4 de novembro de 2008

A moeda com a qual se paga o existir ...

Angústia ...

( eu por mim mesmo )

Tentar dizer o que se sente ...

«Olhai:
No papel estou crucificado
Com os pregos das palavras.»

( Majakovskij )

O pessimista e o otimista ...

O pessimista sabe que tudo vai terminar da melhor forma possível.
O otimista deseja que tudo termine da melhor forma possivel.

( eu por eu mesmo )

domingo, 2 de novembro de 2008

Constatação ...

Para aquele que entendeu o que realmente é a vida só resta se lamentar e angustiar-se ...

( eu por eu mesmo ouvindo Nude do Radiohead e trabalhando ... )

sábado, 1 de novembro de 2008

A Vida Raramente depende da Iniciativa dos Homens ...

Poucas pessoas saberão, ao meio da vida, como chegaram a ser o que são, aos seus prazeres, à sua visão do mundo, à sua mulher, ao seu carácter, à sua profissão e aos seus êxitos; mas sentem que a partir daí as coisas já não irão mudar muito. Poderia mesmo afirmar-se que foram enganadas, porque não se consegue descobrir em lugar nenhum a razão suficiente para que tudo tenha acontecido como aconteceu, quando teria sido perfeitamente possível ter acontecido de outra forma. O que acontece, aliás, raramente depende da iniciativa dos homens, mas quase sempre das mais variadas circunstâncias, dos caprichos, da vida e da morte de outras pessoas, e, de certo modo, limita-se a vir ter connosco naquele preciso momento. Na juventude, a vida está ainda à nossa frente como uma manhã inesgotável, plena de possibilidades e de vazio; mas logo ao meio-dia algo se anuncia que reclama ser a nossa própria vida, mas que é tão surpreendente como uma pessoa com quem nos correspondemos durante vinte anos sem a conhecer, e que um belo dia, de repente, temos diante de nós e constatamos que é completamente diferente do que havíamos imaginado.
( Robert Musil, em 'O Homem sem Qualidades' )

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O drama de viver ...

...
... a morte, angústia de quem vive
... a solidão, fim de quem ama
...

( Vinícius de Moraes )

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

[ Não ] Conheça a ti mesmo ...

Conhecer a nós mesmos é identificar o motivo sórdido de nossos gestos, o inconfessável inscrito em nossa substância, a soma de misérias patentes ou clandestinas das quais depende nossa eficácia. Tudo o que emana das zonas inferiores de nossa natureza está investido de força, tudo o que vem debaixo estimula: produzimos e rendemos mais por inveja e rapacidade do que por nobreza e desinteresse.
Desconfiemos, portanto, dos que aderem a uma filosofia tranqüilizadora, dos que crêem no Bem e o erigem em ídolo. Não teriam chegado a isso se, debruçados honestamente sobre si mesmos, tivessem sondado suas profundezas ou seus miasmas. Mas aqueles poucos que tiveram a indiscrição ou a infelicidade de mergulhar até as profundidades de seu eu, conhecem bem o que é o homem: não poderão mais amá-lo, pois não amam mais a si próprios, embora continuem – e esse é seu castigo – mais apegados a seu eu do que antes ...

( Emil Cioran )

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

3 Pontos ...

Em toda escrita os "três pontos" sempre deveriam estar presente. Até mesmo na fala deveria haver uma forma de usá-los. Aqui, talvez o silêncio seja o seu melhor sinal ...
Sempre há alguma coisa que não pode ser dita; alguma coisa que falta ser dita ... ou alguma coisa que simplesmente não sabemos como dizer ... ... ... ... ... ... ... ... ... ( ad infinitum )
( eu por eu mesmo, cheio de coisas que não sei como dizer ... )

Não reclame antes da hora ...

Achas a tua vida desgraçada ? Espere até apaixonares por uma mulher que não te ame ... Verás então que eras feliz ...

( coisas da vida )

Para a Sra C.

E quando não sobra nada ? Talvez neste caso tenha sobrado tudo. Mas não ficou nem mesmo uma foto. Apenas a lembrança de um ano longíquo; um ponto de ônibus perdido no espaço e no tempo. Diálogos ensaiados que nunca foram ditos ...
( eu por eu mesmo )

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Axioma ...

«A felicidade sempre está à nossa frente, nunca ao nosso lado.»

( eu por eu mesmo )

domingo, 19 de outubro de 2008

Somos todos iguais ?

"Somos todos iguais perantes Deus".
Se Ele é justo como tantos dizem, esta é uma deslavada mentira ... Ou então Ele não é tão justo assim ...

( eu por eu mesmo )

sábado, 18 de outubro de 2008

Perguntas sem resposta ...

Onde encontrar o antídoto para o desespero, a angústia e a solidão que vez em sempre nos assola ?

( Cioran, eu e a vida )

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Não está na nossa mão o não amar, nem também o amar ...

É propriedade do amor o ser violento; e é propriedade da violência o não durar. O amor acaba-se em nós, não por nossa vontade, mas porque tem por natureza o acabar. E ainda que tudo há-de acabar connosco, nem tudo espera por nós. Quando amamos, é por força, porque a formosura que nos inclina, nos vence. E também é por força quando não amamos; porque uma vez rotos os laços, ficamos de tal sorte livres, que ainda que queiramos, não podemos tornar a eles. E assim não está na nossa mão o não amar, nem também o amar. O coração por si mesmo se acende, e entibia. Nós não o podemos inflamar, nem extinguir-lhe o ardor.

( Matias Aires, em 'Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens e Carta Sobre a Fortuna' )

domingo, 12 de outubro de 2008

Paradoxo do engano ...

«Nenhum ser humano admite ou suporta ser enganado; no entanto nenhum deles sobrevive sem o engano.»

( eu por eu mesmo )

terça-feira, 7 de outubro de 2008

A História da Humanidade em Apenas Três Palavras ...

Philip lembrou-se da história do Rei do Oriente que, desejando conhecer a história da humanidade, recebeu de um sábio quinhentos volumes; ocupado com negócios de Estado, pediu-lhe que a condensasse. Ao cabo de vinte anos, o sábio voltou e a sua história ocupava agora apenas cinquenta volumes; mas o rei, já velho demais para ler tantos livros volumosos, pediu-lhe que a fosse abreviar mais uma vez. Passaram-se de novo vinte anos, e o sábio, velho e encanecido, trouxe um único volume com os conhecimentos que o rei procurara; este, porém, estava deitado no seu leito de morte, nem tinha mais tempo de ler sequer aquilo. Aí o sábio deu-lhe a história da humanidade numa única linha: 'Nasceram, sofreram, morreram'.

( Somerset Maugham, em 'A Servidão Humana' )

domingo, 5 de outubro de 2008

Da série : Matemática da Vida ( III ) ...

Glória = Ação - Honra

( eu por eu mesmo )

Da série : Matemática da Vida ( II ) ...

Sucesso = Mediocridade + Otimismo

( eu por eu mesmo )

sábado, 4 de outubro de 2008

Receita contra a infelicidade ...

«Uma gota de veneno, pela manhã, para cada uma de suas esperanças.»

Antes que você pergunte : Infelizmente não existe receita para a felicidade.

( eu por eu mesmo )

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Da série : Matemática da Vida ( I ) ...

Vida = Engano + Ilusão.

( eu por eu mesmo )

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Tudo cansa ...

Não ser amado cansa. Ser amado cansa. Amar cansa. Não amar cansa. Agir cansa. Pensar cansa. Esperar cansa. Ir ao encontro cansa. Falar cansa. Silenciar cansa. A solidão cansa. A companhia cansa. Trabalhar cansa. O ócio cansa. A infelicidade cansa. A felicidade cansa. Tentar dizer que se ama cansa. Esconder o amor que se sente cansa. Estar perto cansa. Estar longe cansa. Viver cansa. Tudo cansa. Por isso o grande descanso ao encontro do qual inexoravelmente caminhamos ...

[ eu (muito cansado ) por eu mesmo ( também cansado) ]

sábado, 27 de setembro de 2008

Nunca Nos Separamos do Primeiro Amor ...

Já o disse em Hiroshima Mon Amour: o que conta não é a manifestação do desejo, da tentativa amorosa. O que conta é o inferno da história única. Nada a substitui. Nem uma segunda história. Nem a mentira. Nada. Quanto mais a provocamos, mais ela foge. Amar é amar alguém. Não há um múltiplo da vida que possa ser vivido. Todas as primeiras histórias de amor se quebram e depois é essa história que transportamos para as outras histórias. Quando se viveu um amor com alguém, fica-se marcado para sempre e depois transporta-se essa história de pessoa a pessoa. Nunca nos separamos dele. Não podemos evitar a unicidade, a fidelidade, como se fôssemos, só nós, o nosso próprio cosmo. Amar toda a gente, como proclamam algumas pessoas e os cristãos, é embuste. Essas coisas não passam de mentiras. Só se ama uma pessoa de cada vez. Nunca duas ao mesmo tempo.

( Marguerite Duras )

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Feliz daquele que pode dizer: “Tenho o saber triste.”

O verdadeiro saber reduz-se às vigílias nas trevas: só o conjunto de nossas insônias nos distingue dos animais e de nossos semelhantes. Que idéia rica e estranha foi alguma vez fruto de um adormecido? Seu sono é bom? Seus sonhos tranqüilos? Engrossará a turba anônima.

O dia é hostil aos pensamentos, o sol os obscurece; só florescem em plena noite... Conclusão do saber noturno: quem chega a uma conclusão tranqüilizadora sobre o que quer que seja dá provas de imbecilidade ou de falsa caridade. Quem achou algum dia uma só verdade alegre que fosse válida? Quem salvou a honra do intelecto com propósitos diurnos? Feliz daquele que pode dizer: “Tenho o saber triste.”

(Emil Cioran - Breviário de Decomposição)

I’m not looking for sweet talk ...

I’m looking for time ...
Cause it hurts sometimes ...

( The Killers - Sweet Talk )

Versos Íntimos ...

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!


( Augusto dos Anjos )

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A Soma e Substância de Toda a Filosofia ...

Se te casas, arrependes-te; se não te casa, arrependes-te também; cases-te ou não te cases, arrependes-te sempre. Ri-te das loucuras do mundo e irás arrepender-te; chora sobre elas, e arrependes-te também; ri-te das loucuras do mundo ou chora sobre elas, e de ambas as coisas te arrependes; quer te rias das loucuras do mundo, quer chores sobre elas irás sempre arrepender-te. Acredita numa mulher, e irás arrepender-te, não acredites nela e arrependes-te também; acredites ou não numa mulher, arrependes-te de ambas as coisas. Enforca-te, e arrependes-te; não te enforques, e na mesma te arrependes. É esta, meus senhores, a soma e substância de toda a filosofia.

( Soren Kierkegaard )

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Todos os seres são infelizes ... Mas quantos o sabem ?

Não há nas farmácias nada específico contra a existência; só pequenos remédios para os fanfarrões. Mas onde está o antídoto do desespero claro, infinitamente articulado, orgulhoso e seguro? Todos os seres são desgraçados, mas quantos o sabem? A consciência da infelicidade é uma doença grave demais para figurar em uma aritmética das agonias ou nos registros do Incurável.

( Emil Cioran em Breviário de Decomposição )

domingo, 21 de setembro de 2008

Lembrar é sinal que se esqueceu ...

Te esquecer é muito fácil.
Desde o dia que descobri que te amava ( e voce não a mim ) eu já te esqueci mais de mil vezes ...
A vida é um eterno esquecer. Alguns permanentes; outros não ...
( eu por eu mesmo )

O Bosque das Ilusões Perdidas ...

«Pela primeira vez Meaulnes sentiu aquela leve angústia que sempre nos toma no final de um dia demasiado belo.»

( Alain Fournier )

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O Solitário ...

O solitário leva uma sociedade inteira dentro de si: o solitário é multidão. E daqui deriva a sua sociedade. Ninguém tem uma personalidade tão acusada como aquele que junta em si mais generalidade, aquele que leva no seu interior mais dos outros. O gênio, foi dito e convêm repeti-lo frequentemente, é uma multidão. É a multidão individualizada, e é um povo feito pessoa. Aquele que tem mais de próprio é, no fundo, aquele que tem mais de todos, é aquele em quem melhor se une e concentra o que é dos outros.

(...) O que de melhor ocorre aos homens é o que lhes ocorre quando estão sozinhos, aquilo que não se atrevem a confessar, não já ao próximo mas nem sequer, muitas vezes, a si mesmos, aquilo de que fogem, aquilo que encerram em si quando estão em puro pensamento e antes de que possa florescer em palavras. E o solitário costuma atrever-se a expressá-lo, a deixar que isso floresça, e assim acaba por dizer o que todos pensam quando estão sozinhos, sem que ninguém se atreva a publicá-lo. O solitário pensa tudo em voz alta, e surpreende os outros dizendo-lhes o que eles pensam em voz baixa, enquanto querem enganar-se uns aos outros, pretendendo acreditar que pensam outra coisa, e sem conseguir que alguém acredite.

( Miguel de Unamuno em 'Solidão' )

domingo, 14 de setembro de 2008

Sentir é estar distraido ...

Uma vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela unica grande razão -Porque não tinha que ser.

Consolei-me voltando ao sol e a chuva,
E sentando-me outra vez à porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
Como para os que o não são.
Sentir é estar distraido.

( Alberto Caeiro, 7-11-1915 em O Guardador de Rebanhos )

Não existe destino que não se transcenda pelo desprezo ...

O MITO DE SÍSIFO.

Os deuses tinham condenado Sísifo a rolar um rochedo incessantemente até o cimo de uma montanha, de onde a pedra caía de novo por seu próprio peso. Eles tinham pensado, com as suas razões, que não existe punição mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança.

Se acreditarmos em Homero, Sísifo era o mais sábio e mais prudente dos mortais. Segundo uma outra tradição, porém, ele tinha queda para o ofício de salteador. Não vejo aí contradição. Diferem as opiniões sobre os motivos que lhe valeram ser o trabalhador inútil dos infernos. Reprovam-lhe, antes de tudo, certa leviandade para com os deuses. Espalhou os segredos deles. Egina, filha de Asopo, foi raptada por Júpiter. O pai, abalado por esse desaparecimento, se queixou a Sísifo. Este, que tomara conhecimento do rapto, ofereceu a Asopo orientá-lo a respeito, com a condição de que fornecesse água à cidadela de Corinto. Às cóleras celestes ele preferiu a bênção da água. Foi punido por isso nós infernos. Homero nos conta ainda que Sísifo acorrentara a Morte. Plutão não pôde tolerar o espetáculo de seu império deserto e silencioso. Despachou o deus da guerra, que libertou a Morte das mãos de seu vencedor.

Diz-se também que Sísifo, estando prestes a morrer, imprudentemente quis pôr à prova o amor de sua mulher. Ele lhe ordenou jogar o seu corpo insepulto em plena praça pública. Sísifo se recobrou nos infernos. Ali, exasperado com uma obediência tão contrária ao amor humano, obteve de Plutão o consentimento para voltar à terra e castigar a mulher. Mas, quando ele de novo pôde rever a face deste mundo, provar a água e o sol, as pedras aquecidas e o mar, não quis mais retornar à escuridão infernal. Os chamamentos, as iras, as advertências de nada adiantaram. Ainda por muitos anos ele viveu diante da curva do golfo, do mar arrebentando e dos sorrisos da terra. Foi necessária uma sentença dos deuses. Mercúrio veio apanhar o atrevido pelo pescoço e, arrancando-o de suas alegrias, reconduziu-o à força aos infernos, onde seu rochedo estava preparado.

Já deu para compreender que Sísifo é o herói absurdo. Ele o é tanto por suas paixões como por seu tormento. O desprezo pelos deuses, o ódio à Morte e a paixão pela vida lhe valeram esse suplício indescritível em que todo o ser se ocupa em não completar nada. É o preço a pagar pelas paixões deste mundo. Nada nos foi dito sobre Sísifo nos infernos. Os mitos são feitos para que a imaginação os anime. Neste caso, vê-se apenas todo o esforço de um corpo estirado para levantar a pedra enorme, rolá-la e fazê-la subir uma encosta, tarefa cem vezes recomeçada. Vê-se o rosto crispado, a face colada à pedra, o socorro de uma espádua que recebe a massa recoberta de barro, e de um pé que a escora, a repetição na base do braço, a segurança toda humana de duas mãos cheias de terra. Ao final desse esforço imenso medido pelo espaço sem céu e pelo tempo sem profundidade, o objetivo é atingido. Sísifo; então, vê a pedra desabar em alguns instantes para esse mundo inferior de onde será preciso reerguê-la até os cimos. E desce de novo para a planície.

É durante esse retorno, essa pausa, que Sísifo me interessa. Um rosto que pena, assim tão perto das pedras, é já ele próprio pedra! Vejo esse homem redescer, com o passo pesado, mas igual, para o tormento cujo fim não conhecerá. Essa hora que é como uma respiração e que ressurge tão certamente quanto sua infelicidade, essa hora é aquela da consciência. A cada um desses momentos, em que ele deixa os cimos e se afunda pouco a pouco no covil dos deuses, ele é superior ao seu destino. É mais forte que seu rochedo.

Se esse mito é trágico, é que seu herói é consciente. Onde estaria, de fato, a sua pena, se a cada passo 0 sustentasse a esperança de ser bem-sucedido? O operário de hoje trabalha todos os dias de sua vida nas mesmas tarefas e esse destino não é menos absurdo. Mas ele só é trágico nos raros momentos em que se torna consciente. Sísifo, proletário dos deuses, impotente e revoltado, conhece toda a extensão de sua condição miserável: é nela que ele pensa enquanto desce. A lucidez que devia produzir o seu tormento consome, com a mesma força, sua vitória. Não existe destino que não se supere pelo desprezo.

Se a descida, assim, em certos dias se faz para a dor, ela também pode se fazer para a alegria. Esta palavra não está demais. Imagino ainda Sísifo indo outra vez para seu rochedo, e a dor estava no começo. Quando as imagens da terra se mantêm muito intensas na lembrança, quando o apelo da felicidade se faz demasiadamente pesado, acontece que a tristeza se impõe ao coração humano: é a vitória do rochedo, é o próprio rochedo. O enorme desgosto é pesado demais para carregar. São nossas noites de Getsêmani. Mas as verdades esmagadoras perecem ao serem reconhecidas. Assim, Édipo de início obedece ao destino sem o saber. A partir do momento em que ele sabe, sua tragédia principia. Mas no mesmo instante, cego e desesperado, reconhece que o único laço que o prende ao mundo é ó frescor da mão de uma garota. Uma fala descomedida ressoa então: "Apesar de tantas experiências, minha idade avançada e a grandeza da minha alma me fazem achar é que tudo está bem”. O Édipo de Sófocles, como o Kirílov de Dostoiévski, dá assim a fórmula da vitória absurda. A sabedoria antiga torna a se encontrar com o heroísmo moderno.

Não se descobre o absurdo sem ser tentado a escrever algum manual de felicidade. "Mas como, com umas trilhas tão estreitas?" No entanto, só existe um mundo. A felicidade e o absurdo são dois filhos da mesma terra. São inseparáveis. O erro seria dizer que a felicidade nasce forçosamente da descoberta absurda. Ocorre do mesmo modo o sentimento do absurdo nascer da felicidade. "Acho que tudo está bem", diz Édipo, e essa fala é sagrada. Ela ressoa no universo feroz e limitado do homem. Ensina que tudo não é e não foi esgotado. Expulsa deste mundo um deus que nele havia entrado com a insatisfação e o gosto pelas dores inúteis. Faz do destino um assunto do homem e que deve ser acertado entre os homens.

Toda a alegria silenciosa de Sísifo está aí. Seu destino lhe pertence. Seu rochedo é sua questão. Da mesma forma o homem absurdo, quando contempla o seu tormento, faz calar todos os ídolos. No universo subitamente restituído ao seu silêncio, elevam-se as mil pequenas vozes maravilhadas da terra. Apelos inconscientes e secretos, convites de todos os rostos, são o reverso necessário e o preço da vitória. Não existe sol sem sombra, e é preciso conhecer a noite. O homem absurdo diz sim e seu esforço não acaba mais. Se há um destino pessoal, não há nenhuma destinação superior ou, pelo menos, só existe uma, que ele julga fatal e desprezível. No mais, ele se tem como senhor de seus dias. Nesse instante sutil em que o homem se volta sobre sua vida, Sísifo, vindo de novo para seu rochedo, contempla essa seqüência de atos sem nexo que se torna seu destino, criado por ele, unificado sob o olhar de sua memória e em breve selado por sua morte. Assim, convencido da origem toda humana de tudo o que é humano, cego que quer ver e que sabe que a noite não tem fim, ele está sempre caminhando. O rochedo continua a rolar.

Deixo Sísifo no sopé da montanha! Sempre se reencontra seu fardo. Mas Sísifo ensina a fidelidade superior que nega os deuses e levanta os rochedos. Ele também acha que tudo está bem. Esse universo doravante sem senhor não lhe parece nem estéril nem fútil. Cada um dos grãos dessa pedra, cada clarão mineral dessa montanha cheia de noite, só para ele forma um mundo. A própria luta em direção aos cimos é suficiente para preencher um coração humano. É preciso imaginar Sísifo feliz.

( Albert Camus em 'O Mito de Sísifo')

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

«Ser» é um aventura pessoal e solitária ...

«Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar, para atravessar o rio da vida - ninguém, exceto tu, só tu.Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Onde leva? Não perguntes, segue-o!»

( Nietzsche )

Máximo de Tédio no Máximo de Civilização ...

Na Terra tudo vive - e só o homem sente a dor e a desilusão da vida. E tanto mais as sente, quanto mais alarga e acumula a obra dessa inteligência que o torna homem, e que o separa da restante Natureza, impensante e inerte. É no máximo de civilização que ele experimenta o máximo de tédio. A sapiência, portanto, está em recuar até esse honesto mínimo de civilização, que consiste em ter um teto de colmo, uma leira de terra e o grão para nela semear. Em resumo, para reaver a felicidade, é necessário regressar ao Paraíso - e ficar lá, quieto, na sua folha de vinha, inteiramente desguarnecido de civilização, contemplando o anho aos saltos entre o tomilho, e sem procurar, nem com o desejo, a árvore funesta da Ciência!

( Eça de Queirós, em 'Civilização' )

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Para os cientistas que construíram o acelerador de partículas LHC ...

O crente fervoroso que a Deus tudo credita. O cientista fervoroso que à Ciência tudo credita. Duas faces estúpidas de uma mesma moeda sem valor. Dois pontos extremos que se tocam : fanatismo e engano sem sentido. Para ambos, tudo vale a pena. O "tudo vale a pena" será a nossa maldição e marcará o nosso fim.

Para os primeiros : «Deus é um desespero que começa onde todos os outros acabam.»; para os segundos : «Objeção contra a ciência: este mundo não vale a pena ser conhecido.» ( Emil Cioran )

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Emil Cioran ( Overdose ) ...

A urina de vaca era o único remédio que os monges estavam autorizados a utilizar nas primeiras comunidades budistas. Se refletirmos a respeito, isso se mostra justo e normal. Se buscamos a paz, só podemos alcançá-la rejeitando tudo o que seja fator de confusão, isto é, tudo o que o homem acrescentou à simplicidade original. Multiplicar os remédios é tornar-se escravo deles. Não é esse o caminho da cura nem da salvação. Nada revela melhor nossa decadência que o espetáculo de uma farmácia: todos os remédios que se quiser para cada um de nossos males, mas nenhum para o nosso mal essencial, para aquele do qual nenhuma invenção humana pode nos curar.

...

Conhecer a nós mesmos é identificar o motivo sórdido de nossos gestos, o inconfessável inscrito em nossa substância, a soma de misérias patentes ou clandestinas das quais depende nossa eficácia. Tudo o que emana das zonas inferiores de nossa natureza está investido de força, tudo o que vem de baixo estimula: produzimos e rendemos mais por inveja e rapacidade do que por nobreza e desinteresse.

...

Desconfiemos dos que aderem a uma filosofia tranqüilizadora, dos que crêem no Bem e o erigem em ídolo; não teriam chegado a isso se, debruçados honestamente sobre si mesmos, tivessem sondado suas profundezas ou seus miasmas; mas aqueles poucos que tiveram a indiscrição ou a infelicidade de mergulhar até as profundidades de seu eu, conhecem bem o que é o homem: não poderão mais amá-lo, pois não amam mais a si próprios, embora continuem – e esse é seu castigo – mais apegados a seu eu do que antes...

( Emil Cioran )

sábado, 6 de setembro de 2008

Ainda sobre o apanhador no campo de centeio ...

J.D. Salinger foi duplamente genial.
Primeiro, concebendo a estória de Holden Caufield, um adolescente comum, angustiado e perdido nas suas dúvidas. Um garoto procurando respostas que ele mesmo sabe que não vai encontrar. "Para onde vão os patos que vivem num certo lago do Central Park quando tudo fica congelado no inverno?". Esta é uma das perguntas que ele faz a si mesmo e aos outros. Uma pergunta boba, ingênua e sem sentido, mas que ganha proporções colossais se for entendida como : "Para onde podemos ir quando o inverno se instala em nós ? Para onde ir quando a nossa vida parece se congelar ? Existirá um lugar longe do grande mar congelado do qual Kafka nos falou onde podemos nos refugiar ?".
Caufield, visto de longe, é o heroi sem qualidades. Mas ele tem uma : é humano. Talvez a única qualidade que realmente interesse num homem. Mas esta é uma qualidade proscrita. É preciso coragem para pagar o preço que ela nos cobra quando resolvemos assumi-la. Por isso, tantos homens, mas tão poucos humanos. E Caufield parece querer pagar tal preço.
A Segunda sacada de Salinger: ele criou um título fantástico para sua obra. Um título genial para uma obra igualmente genial e que é explicada ao leitor numa conversa do protagonista com a sua irmãzinha Phoebe.
Aquele que tiver um mínimo de sensibilidade e ler este livro sempre se lembrará de Holden Caufield e do apanhador no campo de centeio.

Esse fragmento merece bis :

( ... )

- Você sabe o que eu quero ser quando crescer? - perguntei a ela. -Sabe o que eu queria ser? Se pudesse fazer a merda da escolha?
-O quê? Pára de dizer nome feio.
-Você conhece aquela cantiga: "Se alguém agarra alguém atravessando o campo de centeio"? Eu queria…
-A cantiga é "Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio"! - ela disse. - É de um poema do Robert Burns.
-Eu sei que é de um poema do Robert Burns.
Mas ela tinha razão. É mesmo "Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio". Mas eu não sabia direito.
-Pensei que era "Se alguém agarra alguém" - falei. - Seja lá como for, fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto - quer dizer, ninguém grande - a não ser eu. Eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o que eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer. Sei que é maluquice.

( ... )

( eu por eu mesmo )

Poucos compreenderiam ...

- Você conhece aquela cantiga: "Se alguém agarra alguém atravessando o campo de centeio"? Eu queria...
- A cantiga é "Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio"! - ela disse. - É dum poema do Robert Burns.
- Eu sei que é dum poema do Robert Burns.
Mas ela tinha razão. É mesmo "Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio". Mas eu não sabia direito.
- Pensei que era "Se alguém agarra alguém" - falei. - Seja lá como for, fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto - quer dizer, ninguém grande - a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o quê que eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer. Sei que é maluquice.

( J.D. SALINGER - O Apanhador no Campo de Centeio )

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Quais livros merecem ser lidos ?

É bom quando nossa consciência sofre grandes ferimentos, pois isso a torna mais sensível a cada estímulo. Penso que devemos ler apenas livros que nos ferem, que nos afligem. Se o livro que estamos lendo não nos desperta como um soco no crânio, por que perder tempo lendo-o? Para que ele nos torne felizes, como você diz? Oh Deus, nós seríamos felizes do mesmo modo se esses livros não existissem. Livros que nos fazem felizes poderíamos escrever nós mesmos num piscar de olhos. Precisamos de livros que nos atinjam como a mais dolorosa desventura, que nos assolem profundamente – como a morte de alguém que amávamos mais do que a nós mesmos –, que nos façam sentir que fomos banidos para o ermo, para longe de qualquer presença humana – como um suicídio. Um livro deve ser um machado para o mar congelado que há dentro de nós.

( Franz Kafka )

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

"Definitivamente, a velhice é a punição por ter vivido." ( Cioran )

Dois velhinhos conversam num asilo:
- Macedo, eu tenho 83 anos e estou cheio de dores e problemas.Você deve ter mais ou menos a minha idade.Como é que você se sente?
- Como um recém-nascido.
- Como um recém-nascido?!
- Sim.
- Sem cabelo, sem dentes e acho que acabei de mijar nas calças.

( nem vou assinar )

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Enquanto isto, na floresta do alheamento ...

Desenganemo-nos da esperança, porque trai, do amor, porque cansa, da vida, porque farta e não sacia, e até da morte, porque traz mais do que se quer e menos do que se espera.

( Fernando Pessoa )

domingo, 31 de agosto de 2008

Nem precisa de título ...

«Na tristeza, uma única coisa é dolorosa:a impossibilidade de ser superficial.»

( Emil Cioran )

Aquele que apela à espada deve morrer por ela ...

O medo, a vaidade e a preguiça são os grandes propulsores do raça humana. Embasados num sentimento doentio de otimismo, onde tudo vale a pena, eles nos trouxeram até aqui. O que provavelmente todos esquecem é que eles também serão os responsáveis por nossa ruina.
( eu por eu mesmo )

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Tem coisa que é tão bonita que a gente nem sabe o que fazer...

«Tem outra coisa que me lembrei agora. Quando estávamos no cinema, aquele dia, a Jane fez um troço que me deixou maluco. Estava ainda no jornal ou coisa parecida, quando, de repente, senti a mão dela no meu pescoço. Foi um gesto engraçado, esse dela. Jane era muito garota e tudo, e as moças que a gente vê pondo a mão no pescoço de alguém têm, quase todas, uns vinte e cinco ou trinta anos, e geralmente fazem isso com o marido ou um filho pequeno. Eu, por exemplo, de vez em quando faço isso com minha irmã menor, a Phoebe. Mas se uma garota é um bocado moça e faz um troço desses, é tão bonito que a gente nem sabe o que fazer. De qualquer jeito, era nisso que eu estava pensando, sentado naquela poltrona caindo aos pedaços, no vestíbulo do hotel. Pensando na Jane.»

(J.D. Salinger, - O Apanhador no Campo de Centeio )

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Coisas que deviam começar a ensinar no Jardim da Infãncia ...

1. Suportar a solidão.

2. Não ser hipócrita. Aceitar a sinceridade alheia.

3. Não sonhar com uma vida depois da morte.

4. Aceitar que pouquíssimas coisas têm algum valor.

5. Não idolatrar o otimismo.

6. Aceitar que a vida se baseia em enganos.

7. O amor é o único engano que pode valer a pena.

( eu por eu mesmo )

domingo, 24 de agosto de 2008

O abraço ...

O abraço é melhor das maneiras de se demonstrar amor e carinho. Todo abraço sincero é uma tentativa de retorno à segurança do ventre materno.

( eu por eu mesmo )

Série : Camisetas.


sábado, 23 de agosto de 2008

Série : Camisetas.


A questão fundamental da filosofia.

Só há um problema filosófico verdadeiramente sério: o suicídio. Julgar se a vida merece ou não ser vivida é responder uma questão fundamental da filosofia. O resto, se o mundo tem três dimensões, se o espírito tem nove ou doze categorias, vem depois. Trata-se de jogos; é preciso primeiro responder. E se é verdade, como quer Nietzsche, que um filósofo, para ser estimado, deve pregar com o seu exemplo, percebe-se a importância dessa resposta, porque ela vai anteceder o gesto definitivo. São evidências sensíveis ao coração, mas é preciso ir mais fundo até torná-las claras para o espírito. Se eu me pergunto por que julgo que tal questão é mais premente que tal outra, respondo que é pelas ações a que ela se compromete. Nunca vi ninguém morrer por causa do argumento ontológico. Galileu, que sustentava uma verdade científica importante, abjurou dela com a maior tranqüilidade assim que viu sua vida em perigo. Em certo sentido, fez bem. Essa verdade não valia o risco da fogueira. Qual deles, a Terra ou o Sol gira em redor do outro, é-nos profundamente indiferente; resumindo as coisas, é um problema fútil.

( Albert Camus em O Mito de Sísifo )

Pra quê Filosofia ?

Uma razão importante para estudar filosofia é o fato desta lidar com questões fundamentais acerca do sentido da nossa existência. Por que razão estamos aqui? Há alguma demonstração da existência de Deus? As nossas vidas têm algum propósito? O que faz com que certas ações sejam moralmente boas ou más? Poderemos alguma vez ter justificação para violar a lei? Poderá a nossa vida ser apenas um sonho? É a mente diferente do corpo ou seremos apenas seres físicos? Como progride a ciência? O que é a arte? E assim por diante. A maior parte das pessoas que estuda Filosofia acha importante que cada um de nós examine estas questões. Alguns até defendem que não vale a pena viver a vida sem a examinar. Persistir numa existência rotineira sem jamais examinar os princípios nos quais esta se baseia pode ser como conduzir um automóvel que nunca foi à revisão. Podemos justificadamente confiar nos freios, na direção e no motor, uma vez que sempre funcionaram suficientemente bem até então; mas esta confiança pode ser completamente injustificada: os freios podem ter uma deficiência e falharem precisamente quando mais precisarmos deles. Analogamente, os princípios nos quais a nossa vida se baseia podem ser inteiramente sólidos, mas, até os termos examinado, não podemos ter a certeza disso.

Contudo, mesmo que não duvidemos seriamente da solidez dos princípios em que baseamos a nossa vida, podemos estar a empobrecê-la ao recusarmo-nos a usar a nossa capacidade de pensar.

(Nigel Warburton em Elementos básicos de Filosofia)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A função dos olhos ...

A função dos olhos não é ver, mas chorar. Para ver realmente é preciso fechá-los: é a condição do êxtase, da única visão reveladora, enquanto que a percepção esgota-se no horror do já visto, do irreparavelmente sabido desde sempre.



(Emil Cioran em Breviário de Decomposição)

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Um dia acordarás

Um dia acordarás num quarto novo
sem saber como foste para lá
e as vestes que acharás ao pé do leito
de tão estranhas te farão pasmar,

A janela abrirás, devagarinho:
Fará nevoeiro e tu nada verás…
Hás de tocar, a medo, a campainha
e, silenciosa, a porta se abrirá.

E um ser, que nunca viste, em um sorriso
triste, te abraçará com seu maior carinho
e há de dizer-te para teu assombro:

- Não te assustes de mim, que sofro a tanto!
Quero chorar - apenas - no teu ombro
e devorar teus olhos, meu amor…

( Mario Quintana )

domingo, 17 de agosto de 2008

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido...

Saudade

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado
que ainda não passou,
é recusar um presente que
nos machuca, é não ver o futuro
que nos convida...

Saudade é sentir que existe
o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
"aquela que nunca amou."
E esse é o maior dos sofrimentos:

Não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido...

( Pablo Neruda )

sábado, 16 de agosto de 2008

Grandes Invenções ...

O mundo anda entulhado de invenções idiotas. Dentre essas, duas são o símbolo máximo de nossa decadência como civilização : o telefone celular e o automóvel. Estas duas invenções são tudo menos um meio de comunicação e um meio de transporte. Eis a minha lista de algumas invenções que fariam a diferença :

  1. Uma máquina de tele-transporte. Esta seria para ganhar dinheiro, pois ela não tem nenhuma outra utilidade.
  2. Uma máquina Tempo-Transportadora ( vulgo máquina do tempo ). Esta seria para a gente refazer algumas bobagens do nosso passado.
  3. Um programador de Sonhos. Já que a vida é um eterno engano, por que não programar e escolher estes enganos ?
  4. Um veneno ( lento, senão voce morre junto ) para matar as nossas maiores esperanças. Esta, pergunta pro Camus pra que serve !

( eu por eu mesmo )

For reasons unknown ...

Hoje acordei cedo. Acordei estranho. Nem precisei do despertador. Faz tempo que não acordava assim. Sempre acordo mal. Hoje acordei nem mal, nem bem: simplesmente acordei. Talvez tenha sido o sonho da noite ...
«But my heart, it don't beat, it don't beat the way it used to.»
( eu, The Killers e a vida )

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

O homem : um macaco que vai ao escritório ...

“Tudo o que o homem faz me parece artificial e inútil... Que absurdo, um macaco que vai ao escritório. Confinar-se num quarto, dirigir-se à mesa de trabalho, ficar lá durante horas, não, a última das bestas está mais próxima da verdade que o homem...”
( Emil Cioran )

Minha missão ...

“Minha missão é tirar as pessoas de seu sono eterno, mesmo sabendo que cometo um crime e que valeria mil vezes mais deixá-las perseverar nele, até por que, quando despertassem, eu não teria nada a propor-lhes.”

( Emil Cioran )

Parafraseando Cioran ...

Todos são solitários, mas quantos o sabem ?

( eu por quase eu mesmo )

Numa sexta-feira qualquer ...

As coisas sem importância que conquistamos, comemoramos com pulos e gargalhadas. Para as importantes não temos palavras nem ação para expressar nossa felicidade, por isso as comemoramos em silêncio ou no máximo, com uma lágrima acompanhada de um abraço ... Mas poucos entendem isto ...

( eu por eu mesmo )

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O signo máximo da tua solidão ...

Ninguém pode sentir por ti.

( eu por eu mesmo )

A grande tragédia do "amar" ...

Aquela que mais amaremos.
Aquela que mais nos amará.
Duas pessoas que nunca se coincidirão em uma só e muitas vezes só a primeira conheceremos, por que só da primeira podemos ter a plena certeza da existência.

( eu por eu mesmo )

Tentar esquecer já é lembrar ...

Chegar à conclusão : "Preciso esquecer", é aceitar que esta lembrança nos perseguirá para sempre.

( eu por eu mesmo)

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Metapensamento ...

Pensar a respeito de si mesmo. Pensar sobre o pensar. Que ser insano nos concedeu tal capacidade ?

( eu por eu mesmo )

A vida ...

A vida não é um pic-nic ... Se for, tem muita chuva e formigas ...

( eu por eu mesmo )

Grande Oscar Wilde ...

Ah! Não me diga que concorda comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errado.

Só as pessoas superficiais sabem do que são feitas.

( Oscar Wilde )

Queres ser feliz?

«Queres ser feliz? Aprende primeiro a sofrer.»

( Ivan Turgueniev )

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Públio 1, eu zero ( zero !? ) ...

Dificilmente a divindade concede amor e sabedoria.

( Públio Siro )

domingo, 10 de agosto de 2008

Série : O que nos define ...

Não são as nossas escolhas que nos definem. A maioria faria as mesmas escolhas que fizemos. O que nos define são as coisas que abandonamos e aqui nos difereciamos da maioria, pois cada um abandonaria coisas diferentes. Não é a vida que vivemos que importa. Tivemos que renunciar a infinitas vidas para viver esta. Em cada escolha selecionamos uma vida e descartamos milhares de outras. Dentre estas milhares, uma meia dúzia, mesmo sem serem vividas, nos acompanharão até nosso túmulo. São estas que dizem tudo o que poderíamos ser. E o que poderíamos ser é sempre maior do que o que somos, pelo simples fato de nunca ter sido.

( eu por eu mesmo )

Só pra registrar ...

Amor à vista.
Sofrimento a prazo.

( eu por eu mesmo )

A vida ...

Não deve valer muito algo que só se sustenta baseado em enganos ...

( eu por eu mesmo )

sábado, 9 de agosto de 2008

Série : Música Tema ...

All this feels strange and untrue
And I won't waste a minute without you
My bones ache, my skin feels cold
And I'm getting so tired and so old

The anger swells in my guts
And I won't feel these slices and cuts
I want so much to open your eyes
Cos I need you to look into mine

Tell me that you'll open your eyes x4

Get up, get out, get away from these liars
Cos they don't get your soul or your fire
Take my hand, knot your fingers through mine
And we'll walk from this dark room for the last time

Every minute from this minute now
We can do what we like anywhere
I want so much to open your eyes
Cos I need you to look into mine

Tell me that you'll open your eyes x8

All this feels strange and untrue
And I won't waste a minute without you

( Snow Patrol - Open Your Eyes )

Série : Música Tema ...

...
She feels that my sentimental side
Should be held with kids gloves
But she doesn't know
That I left my urge in the icebox.

...
( Interpol - Leif Erikson )

Procura.

Procuro por algo que te desperte ...

( eu por eu mesmo )

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O que é caráter ?

O que é caráter ? Nada mais que o alinhamento entre o que se pensa, o que se comunica e o que se faz. Essa definição simplesmente destrói a possibilidade de qualquer ser humano ter caráter.

( eu por eu mesmo )

A íntima essência ...

Conhecer a nós mesmos é identificar o motivo sórdido de nossos gestos, o inconfessável inscrito em nossa substância, a soma de misérias patentes ou clandestinas das quais depende nossa eficácia. Tudo o que emana das zonas inferiores de nossa natureza está investido de força, tudo o que vem de baixo estimula: produzimos e rendemos mais por inveja e rapacidade do que por nobreza e desinteresse.

( Emil Cioran )

terça-feira, 5 de agosto de 2008

A Ameaça Fantasma ...

Muitos dos meus dias são ameaçados pela perda total e irreversível da minha crença, já tão escassa, na espécie humana. Dias em que muito se aprende, mas também muito se perde. Dias em que se paga um alto tributo pelo existir. Hoje foi um desses dias ...

( eu por eu mesmo )

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Poucas coisas têm valor ...

Poucas coisa têm valor para mim. Muito pouca coisa. Aqueles para os quais qualquer coisa tem valor, acabam vendendo a sua alma por uma ninharia.

( eu por eu mesmo )

sábado, 2 de agosto de 2008

Convicções ...

Como disse Emil Cioran : "Só tem convicções aquele que não aprofundou nada". Não ter convicções é aceitar-se humano. No grande mercado da vida um homem sem convicções pouco vale. Mas um homem que não se aceita como humano vale alguma coisa ?

( eu por eu mesmo )

quinta-feira, 31 de julho de 2008

XXXII Convenção dos corações partidos ...( 5 minutos depois ... )

Inscrições encerradas.
Como o número de participantes excedeu as expectativas, o encontro teve o seu local alterado : será no estádio do Maracanã.

( eu por quase eu mesmo )

XXXII Convenção dos corações partidos ...

Inscrições abertas ...

( eu por quase eu mesmo )

terça-feira, 29 de julho de 2008

O amor é uma companhia.


O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.

Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

( Alberto Caeiro )

Segue o teu destino ...


Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra

De árvores alheias.

( Ricardo Reis )

Quem sou eu ?

Uma cópia infiel de mim mesmo ...

( eu por eu mesmo )

sábado, 26 de julho de 2008

A nossa moeda ...

As nossas angústias, as nossas infelicidades, os nossos sofrimentos : estes são nossos carimbos com os quais valoramos e imprimimos identidade a aquilo que é nosso e só nosso. Estas são as moedas com que criamos juízo de valor para aquilo que nos é importante.

( eu por eu mesmo )

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Por que até o rei, se pensar, será infeliz ...

Por trás do frenesi da vida cotidiana está sempre a fuga de nós mesmos, a tentativa de nos atordoarmos para não enfrentar as questões verdadeiramente importantes da existência : a inevitabilidade da morte, a miséria e a infelicidade da própria condição. Aquilo que os homens mais desejam é ser distraídos; o que mais temem é ficar sozinhos e quietos em um quarto, sem nada para fazer. O verdadeiro propósito de qualquer tipo de atividade ou compromisso, mesmo eticamente honroso, é chegar inadvertidamente à morte, suprimir a consciência da nossa finitude.

Nada é mais insuportável para o homem do que ficar em descanso absoluto, sem paixões, sem nada para fazer, sem divertimento, sem uma ocupação.É então que ele percebe a sua nulidade, o seu abandono, a sua insuficiência, a sua dependência, a sua impotência, o seu vazio. Logo brotarão do fundo de sua alma o tédio, a melancolia, a tristeza, a aflição, o ressentimento, o desespero. A infelicidade dos homens deriva de uma única coisa, que é não conseguirem ficar sossegados em um quarto.

De todas as condições que se imagine, juntando todos os bens que se possa reunir, a condição de rei é a melhor do mundo, imaginando-se, portanto, um rei cercado de todos os prazeres de que pode desfrutar. Se, porém, o imaginarmos privado de distrações, enquanto reflete e avalia sua existência, felicidade e prazeres não lhe valerão mais, e ele fatalmente sucumbirá diante das ameaças que vê, das revoltas que podem ocorrer e, finalmente, da morte e das doenças que são inevitáveis. E assim, privado do que se denomina distração, eis que está infeliz, mais infeliz ainda que o último dos seus súditos que joga e pode distrair-se.

Isto explica porque o jogo e a busca da companhia feminina, a guerra e os altos cargos são objetivos tão almejados. Não porque encerrem em si a felicidade. O que buscamos não é a suavidade e placidez desta posse, que nos deixa pensar na infelicidade da nossa condição; nem os perigos da guerra, nem as preocupações dos cargos, mas o estrépito que nos impede de pensar a respeito e nos distrai. Motivo pelo qual amamos mais o ato de caçar do que a presa em si. Aquela lebre não nos impediria a visão da morte e das misérias, mas a caça, que nos distrai delas, pode faze-lo. Todas as atividades mundanas mesmo as mais honradas nascem de uma fuga dos problemas existenciais. O rei está cercado de pessoas que só pensam em fazer com que se divirta e em impedi-lo de pensar em si mesmo. Por que mesmo sendo rei, se pensar, será infeliz. Isso é tudo que os homens puderam inventar para ser felizes.

O modo de enganar a si mesmo é postegar para um eterno futuro o momento da serenidade, para então se dedicar à reflexão sobre a inevitabilidade da morte.

E assim transcorre a vida. Busca-se o descanso enfrentando uma série de obstáculos; e, superados estes, o descanso torna-se insuportável porque nos faz pensar nas misérias presentes ou naquelas que nos ameaçam. E mesmo se nos sentíssemos protegidos o bastante por todos os lados, o tédio, com a sua costumeira autoridade, não deixaria de se soltar do fundo do coração, onde, naturalmente se enraizou, e de encher o espírito com o seu veneno.


( Blaise Pascal)

terça-feira, 22 de julho de 2008

Pessoando ...

A minha vontade, sempre tão involutária, me leva ao encontro de horizontes que não desejei, de terras não sonhadas, de encontros não planejados, de diálogos sem sentidos aos quais seria preferível o silêncio. Assim, através de escolhas não escolhidas, navego pela minha vida, consciente de que a inconsciência é necessária para suporta-la.

( eu por eu mesmo )

sábado, 19 de julho de 2008

Preciso que alguém ressuscite ...

Camus disse : "Amar um ser é matar todos os outros".
Matei todos os outros e quem eu amo não me ama.

( eu por quase eu mesmo )

Arquivo X ...

A verdade está lá fora.
Mas, onde é "lá fora" ???

( eu por quase eu mesmo )

quinta-feira, 17 de julho de 2008

1985 ...

Um ponto de ônibus ...
Minha alma ficou amarrada a um poste.
Esperando alguém que nunca voltou ...

( eu por eu mesmo )

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Qual é a maior dor do mundo ?

A minha.
Pois, ninguém pode senti-la por mim.


( eu por eu mesmo )

Procura-se ... ( II )

Procuro alguém que me procura.

( eu por eu mesmo )

Procura-se ... ( I )

...
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
...

( Fernando Pessoa - Poema em linha reta )

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Duas coisas ...

Descobri que há duas coisas que as pessoas não suportam : uma, não ser amada ... a outra, ser amada.

( eu por eu mesmo )

domingo, 13 de julho de 2008

Take away the pain ...

When everybody else refrained,
My Uncle Jonny did cocaine.
He's convinced himself right in his brain
That it helps to take away the pain.

( The Killers )

Caminho errado ( II ) ...

Teocentrismo : Erramos !
Antropocentrismo : Erramos de novo !
E agora ? ...

Enquanto isso, em "La República Federativa de Los Coxas"

Gripe e solidão : mistura funesta ...

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Zero deveria ser apenas um número ...

...
... Mas não é ...
...

Kafka ...

Hoje matei uma barata. Todos os dias eu pago o preço de ser humano. Minhas angústias, tristezas e vontades sem horizonte de satisfação são os tributos diários que pago. A barata deve pagar o preço por ser uma barata. Não é justo que ela seja mais feliz que eu ...

Cada um caminha de encontro à sua floresta ...

Um dia,
No meio de minha vida,
Me vi no interior de uma floresta escura, densa e fria ...
Havia tomado o caminho errado ...

( Dante Alighieri em 'A divina Comédia' )

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Caminho errado ...

A humanidade poderia ter permanecido na estagnação e prolongado sua duração se fosse composta apenas por brutos e céticos; mas, sequiosa de eficácia, promoveu essa multidão ofegante e positiva, condenada à ruína por excesso de trabalho e curiosidade.


( Emil Cioran )

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Na borda do Abismo

Aqui estou eu.
Na borda do abismo.
Eu olho o abismo.
O abismo me olha.
Eu não o compreendo.
Nem ele a mim.
E agora ?
Só me resta escrever ...
E sentir ...