quarta-feira, 29 de junho de 2011

Revolução ...

"Só é realmente revolucionário o estado pré-revolucionário, aquele em que os espíritos se consagram ao duplo culto do futuro e destruição. Enquanto uma revolução é apenas uma possibilidade, ela transcende os dados e as constantes da história, ultrapassa por assim dizer o seu espaço. Mas a partir do momento em que se instaura, retorna e se conforma a ele, prolongando o passado, segue sua rotina. Não há anarquista que não esconda, no mais fundo de suas revoltas, um reacionário que espera a sua hora, a hora da tomada do poder".

(Emil Cioran)

sábado, 18 de junho de 2011

A consciência de Zeno ...

Talvez por meio de uma catástrofe inaudita, provocada pelos artefatos, havemos de retornar à saúde. Quando os gases venenosos já não bastarem, um homem feito como todos os outros, no segredo de uma câmara qualquer neste mundo, inventará um explosivo incomparável, diante do qual os explosivos de hoje serão considerados brincadeiras inócuas. E um outro homem, também feito da mesma forma que os outros, mas um pouco mais insano que os demais, roubará esse explosivo e penetrará até o centro da Terra para pô-lo no ponto em que seu efeito possa ser o máximo. Haverá uma explosão enorme que ninguém ouvirá, e a Terra, retornando à sua forma original de nebulosa, errará pelos céus, livre dos parasitas e das enfermidades.

(Italo Svevo)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Covardia e coragem ...

«Muitos seriam covardes se tivessem coragem suficiente.»

(Thomas Fuller)

domingo, 5 de junho de 2011

Deus não ama os homens ...

Outra limitação do Deus aristotélico consiste em que ele é objeto de amor, mas não ama (ou, no máximo, só ama a si mesmo). Os indivíduos, enquanto tais, não são objeto do amor divino: Deus não se volta para os homens e muito menos para o homem individual. Cada um dos homens, como cada coisa, tende de vários modos para Deus, mas Deus, como não pode conhecer, também não pode amar nenhum dos homens individuais.
Em outros termos: Deus só é amado e não, também, amante; ele é objeto e não também sujeito de amor. Para Aristóteles, assim como para Platão, é impensável que Deus ame alguma coisa (qualquer coisa além de si), dado que amor é sempre tendência a possuir algo do qual se é privado, e Deus não é privado de nada. Ademais, Deus não pode amar, porque é inteligência pura e, segundo Aristóteles, a inteligência pura é impassível e, como tal, não ama.

(Giovanni Reale)