A urina de vaca era o único remédio que os monges estavam autorizados a utilizar nas primeiras comunidades budistas. Se refletirmos a respeito, isso se mostra justo e normal. Se buscamos a paz, só podemos alcançá-la rejeitando tudo o que seja fator de confusão, isto é, tudo o que o homem acrescentou à simplicidade original. Multiplicar os remédios é tornar-se escravo deles. Não é esse o caminho da cura nem da salvação. Nada revela melhor nossa decadência que o espetáculo de uma farmácia: todos os remédios que se quiser para cada um de nossos males, mas nenhum para o nosso mal essencial, para aquele do qual nenhuma invenção humana pode nos curar.
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Conhecer a nós mesmos é identificar o motivo sórdido de nossos gestos, o inconfessável inscrito em nossa substância, a soma de misérias patentes ou clandestinas das quais depende nossa eficácia. Tudo o que emana das zonas inferiores de nossa natureza está investido de força, tudo o que vem de baixo estimula: produzimos e rendemos mais por inveja e rapacidade do que por nobreza e desinteresse.
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Desconfiemos dos que aderem a uma filosofia tranqüilizadora, dos que crêem no Bem e o erigem em ídolo; não teriam chegado a isso se, debruçados honestamente sobre si mesmos, tivessem sondado suas profundezas ou seus miasmas; mas aqueles poucos que tiveram a indiscrição ou a infelicidade de mergulhar até as profundidades de seu eu, conhecem bem o que é o homem: não poderão mais amá-lo, pois não amam mais a si próprios, embora continuem – e esse é seu castigo – mais apegados a seu eu do que antes...
( Emil Cioran )
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Conhecer a nós mesmos é identificar o motivo sórdido de nossos gestos, o inconfessável inscrito em nossa substância, a soma de misérias patentes ou clandestinas das quais depende nossa eficácia. Tudo o que emana das zonas inferiores de nossa natureza está investido de força, tudo o que vem de baixo estimula: produzimos e rendemos mais por inveja e rapacidade do que por nobreza e desinteresse.
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Desconfiemos dos que aderem a uma filosofia tranqüilizadora, dos que crêem no Bem e o erigem em ídolo; não teriam chegado a isso se, debruçados honestamente sobre si mesmos, tivessem sondado suas profundezas ou seus miasmas; mas aqueles poucos que tiveram a indiscrição ou a infelicidade de mergulhar até as profundidades de seu eu, conhecem bem o que é o homem: não poderão mais amá-lo, pois não amam mais a si próprios, embora continuem – e esse é seu castigo – mais apegados a seu eu do que antes...
( Emil Cioran )
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