quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Feliz daquele que pode dizer: “Tenho o saber triste.”

O verdadeiro saber reduz-se às vigílias nas trevas: só o conjunto de nossas insônias nos distingue dos animais e de nossos semelhantes. Que idéia rica e estranha foi alguma vez fruto de um adormecido? Seu sono é bom? Seus sonhos tranqüilos? Engrossará a turba anônima.

O dia é hostil aos pensamentos, o sol os obscurece; só florescem em plena noite... Conclusão do saber noturno: quem chega a uma conclusão tranqüilizadora sobre o que quer que seja dá provas de imbecilidade ou de falsa caridade. Quem achou algum dia uma só verdade alegre que fosse válida? Quem salvou a honra do intelecto com propósitos diurnos? Feliz daquele que pode dizer: “Tenho o saber triste.”

(Emil Cioran - Breviário de Decomposição)

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