domingo, 29 de maio de 2011

Não se pode amar e conhecer ao mesmo tempo ...


Não se pode amar e conhecer ao mesmo tempo, sem que o amor padeça e expire sob o olhar do espírito. Investigue suas admirações, perscrute os beneficiários de seu culto e os que se aproveitam de seus abandonos: sob seus pensamentos mais desinteressados descobrirá o amor-próprio, o aguilhão da glória, a sede de domínio e de poder.



( Emil Cioran )

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Direito de ser nada ...

Ao contrário dos caminhos da perseverança, cheios de porteiras, travas, enganos e becos sem saída, o caminho da desistência está sempre livre para nós.

(eu por eu mesmo, plagiando)

terça-feira, 17 de maio de 2011

A crença no paraíso ou na vida após a morte é um "conto de fadas" ...

"Eu considero o cérebro como um computador que vai parar de trabalhar quando seus componentes falharem. Não há paraíso ou vida após a morte para computadores que quebram. Isso é um conto de fadas para pessoas que têm medo do escuro".


(Stephen Hawking)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Atendendo a pedidos ...

POEMA EM LINHA RETA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


(Álvaro de Campos)

sábado, 14 de maio de 2011

Realmente ...

"O inferno são os outros !"

(Jean-Paul Sartre)

terça-feira, 10 de maio de 2011

Sobre aquela "outra vida" ...

Somos os peões deste jogo do xadrez
que Deus trama. Ele nos move, lança-nos
uns contra os outros, nos desloca, e depois
nos recolhe, um a um, à Caixa do Nada.



Um dia pedi a um velho sábio
que me falasse sobre os que já se foram.
Ele disse:
Não voltarão. Eis o que sei.



Cansado de perguntar aos sábios, perguntei à taça:
para onde irei depois da morte?
Ela me respondeu baixinho: Bebe em minha boca,
bebe longamente: não voltarás.



(Omar Khayyam)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A última edição será entregue aos vermes ...

"Deixa lá dizer Pascal que o homem é um caniço pensante. Não; é uma errata pensante, isso sim. Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes."

( Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis )

terça-feira, 3 de maio de 2011

Três axiomas sobre o universo ...

I. Tudo é engano.
II. Nada vale a pena.
III. Tudo cansa.

( eu por eu mesmo )

domingo, 1 de maio de 2011

1º de Maio ... Dia do trabalho: um contrassenso entre a liberdade e a escravidão ...

“Tudo o que o homem faz me parece artificial e inútil... Que absurdo, um macaco que vai ao escritório. Confinar-se num quarto, dirigir-se à mesa de trabalho, ficar lá durante horas...Não, a última das bestas está bem mais próxima da verdade que o homem...”


“Aonde quer que eu vá, sinto-me um estrangeiro. Todo mundo me parece demasiadamente positivo, demasiadamente profissional. Eu não pertenço à sociedade, e eu bem que gostaria de me evadir da espécie”

(Emil Cioran)

Quem não ama a solidão, não ama a liberdade ...

Nenhum caminho é mais errado para a felicidade do que a vida no grande mundo, às fartas e em festanças, pois, quando tentamos transformar a nossa miserável existência numa sucessão de alegrias, gozos e prazeres, não conseguimos evitar a desilusão; muito menos o seu acompanhamento obrigatório, que são as mentiras recíprocas. Assim como o nosso corpo está envolto em vestes, o nosso espírito está revestido de mentiras. Os nossos dizeres, as nossas ações, todo o nosso ser é mentiroso, e só por meio desse invólucro pode-se, por vezes, adivinhar a nossa verdadeira mentalidade, assim como pelas vestes se adivinha a figura do corpo.
Antes de mais nada, toda a sociedade exige necessariamente uma acomodação mútua e uma temperatura; por conseguinte, quanto mais numerosa, tanto mais enfadonha será. Cada um só pode ser ele mesmo, inteiramente, apenas pelo tempo em que estiver sozinho. Quem, portanto, não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre.


(Arthur Schopenhauer)