«Sabidamente não há classificação do universo que não seja arbitrária e conjectural. A razão é muito simples: não sabemos o que é o universo. “O mundo” - escreve David Hume - “talvez seja o esboço rudimentar de algum deus infantil que o abandonou pela metade, envergonhado de seu trabalho deficiente, é obra de um deus subalterno, de quem os deuses superiores zombam; é a confusa produção de uma divindade decrépita e aposentada, que já morreu”. É possível ir mais longe; é possível suspeitar de que não haja universo no sentido orgânico, unificador, que tem essa ambiciosa palavra. Se houver, falta conjecturar sobre seu propósito; falta conjecturar sobre as palavras, as definições, as etimologias, as sinonímias do secreto dicionário de Deus. A impossibilidade de penetrar no esquema divino do universo não pode, contudo, dissuadir-nos de planejar esquemas humanos, embora nos conste que estes são sempre provisórios.»
Estética 3
Há 5 anos