quinta-feira, 2 de julho de 2009

A rocha ainda está rolando...

O homem absurdo diz sim e seus esforços doravante serão incessantes. Se há um destino pessoal, não há um destino superior, ou há, mas um que ele conclui que é inevitável e desprezível. Para o restante, ele reconhece a si mesmo como o mestre de seus dias. No momento sutil quando o homem dá uma olhada para trás em sua vida, Sísifo retornando à sua pedra, neste modesto giro, ele contempla aquela série de ações não relacionadas que formam o seu destino, criado por ele, combinados e sujeitos ao olhar de sua memória e logo selados por sua morte. Assim, convencido da origem totalmente humana de tudo o que é humano, o homem cego, ansioso para ver, que sabe que a noite não tem fim, este homem permanece em movimento. A rocha ainda está rolando.

( Albert Camus - O mito de Sísifo )

Um comentário:

Where I'm Anymore disse...

Pô Betão, nem sei se esse é o caso. O problema, como coloca o Sábato, é que na vida sempre é tarde demais. Ninguém está preparado para viver no presente e essa é a maior cilada de todas. Foi o que eu te falei ontem, quero dizer, nessas duas semanas eu descobri as duas coisas que eu me propus pensar em um bom tempo:

1. Não, a Natasha realmente nunca foi apaixonada por mim.

2. Sim, eu sempre fui apaixonado por ela.

Só que agora não adianta muito saber disso. Porque agora, Beto, o contexto é outro. E mesmo que ainda fosse o mesmo, a primeira resposta seria 'não' de qualquer jeito. Ou seja, a liberdade é sempre um conceito vazio: 'matei' meus fantasmas e fiquei solamente solo de uma vez por todas, sem sequer a ilusão da existência deles.

E tem aquela coisa: 'nada acontece; quando finalmente acontece, você desejaria de todas as formas que jamais tivesse acontecido'. Ou seja: a vida ou é tédio ou desilusão. Mais um dos infinitos becos. É a filosofia do Beco. O Sobre Heróis e Tumbas é bem violentinho. Tem uma hora que ele fala sobre o desamparo que é muito fdp, viu... Dá uma olhada aí: capítuo 1, marcador V. Esse marcador é fodinha.

Se cuida, Betão!

Abração!